Uma delegação composta por mais de 20 pesquisadores vinculados a universidades e instituições de pesquisa do Estado de São Paulo participa, até sexta-feira (12/04), na Universidade de Illinois (Estados Unidos), de uma série de painéis de apresentação de suas linhas de pesquisa e de visitas técnicas. Os encontros integram a programação da FAPESP Week Illinois, aberta nesta terça-feira (09/04) em Chicago, na sede do Discovery Partners Institute (DPI) do Sistema de Universidades de Illinois (UIS, na sigla em inglês) – formado pelas universidades de Illinois em Chicago, em Urbana-Champaign e em Springfield.
O objetivo do evento é criar novas oportunidades de cooperação científica e tecnológica entre pesquisadores do Estado de São Paulo e do centro-oeste norte-americano em áreas como saúde e medicina, cidades sustentáveis, agricultura inteligente, clima, bioenergia e investimentos em instituições democráticas.
“Esperamos criar, por meio da FAPESP Week, oportunidades para a realização de projetos de pesquisa conjuntos entre pesquisadores do Estado de São Paulo e de outros países, bem como estabelecer relações estratégicas”, disse Carlos Américo Pacheco, diretor-presidente do Conselho Técnico-Administrativo (CTA) da Fundação, na abertura do evento.
Outros objetivos da série de eventos internacionais, promovida pela FAPESP desde 2011, é catalisar colaborações de pesquisa multidisciplinares para enfrentar os principais desafios globais, sublinhou o dirigente. A última edição da FAPESP Week ocorreu em novembro de 2019, na França. A série de encontros internacionais teve de ser interrompida em razão da pandemia de COVID-19 e agora está sendo retomada. Outros três eventos devem ser realizados ainda este ano na China, Espanha e Itália.
“Enfrentamos desafios globais em muitas áreas, como as mudanças climáticas e a insegurança alimentar, que exigem outro tipo de abordagem de colaboração entre instituições e as diversas áreas do conhecimento com o intuito de promover pesquisas transdiciplinares”, afirmou Pacheco.
Deba Dutta (em pé), Kendra Sharp, Carlos Américo Pacheco, Viviane Prado Sabbag e Timothy Killeen (foto: Elton Alisson/Agência FAPESP)
Algumas áreas de interesse em pesquisa colaborativa transdisciplinar com o Brasil voltadas a contribuir para o enfrentamento dos desafios globais são saúde pública, desenvolvimento da força de trabalho, democracia, infraestrutura digital e sustentabilidade, elencou Timothy Killeen, presidente da Universidade de Illinois.
“Nossa relação com o Brasil é baseada em um longo legado, iniciado quando o primeiro reitor da Faculdade de Agricultura da Universidade de Illinois [Eugene Davenport] foi ao Brasil [ainda no século 19] e ajudou a fundar uma das primeiras faculdades de agricultura do país [a Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz da Universidade de São Paulo]. Queremos rejuvenescer essa relação em áreas como bioeconomia circular, tecnologias alimentares e agrícolas, sustentabilidade e desenvolvimento da força de trabalho. Queremos excelência, mas também promover a inclusão social”, afirmou.
De acordo com o dirigente, o Discovery Partners Institute do Sistema de Universidades de Illinois é resultado de um investimento de US$ 100 bilhões feito nos últimos anos pelo estado de Illinois em engajamento global e busca de soluções voltadas ao desenvolvimento da força de trabalho na região.
“O objetivo do DPI, assim como o da FAPESP Week, é catalisar a colaboração científica e tecnológica com instituições parceiras em todo o mundo. Os complexos problemas sociais que enfrentamos hoje, relacionados ao clima, saúde, água e alimentação, ultrapassam as fronteiras. Por isso, precisamos colaborar além das fronteiras disciplinares, geográficas, sociais e políticas”, disse Deba Dutta, diretor interino do DPI.
Essa visão também é compartilhada pela National Science Foundation (NSF) dos Estados Unidos, ressaltou Kendra Sharp, chefe do escritório de ciência internacional e engenharia da instituição.
“Todos nós concordamos com a importância das colaborações internacionais e interdisciplinares para solucionar os desafios globais. Não podemos resolver esses problemas sozinhos, dentro das nossas fronteiras nacionais. E a NSF, que é uma agência federal com orçamento de US$ 9 bilhões e financia grande parte da pesquisa básica e aplicada, acredita muito nisso”, afirmou Sharp.
Na avaliação de Viviane Prado Sabbag, cônsul-geral adjunta do Consulado Geral do Brasil em Chicago, a colaboração internacional em pesquisa representa a interligação entre a diplomacia e a ciência.
“Ficou claro para nós que todos os principais temas nas relações internacionais do Brasil hoje estão ligados ao desenvolvimento da ciência e da tecnologia. Por isso, nos últimos anos, desenvolvemos um programa de diplomacia de inovação de modo a ter uma diplomacia mais estruturada em relação à pesquisa científica e tecnológica”, disse.
Elton Alisson, de Chicago | Agência FAPESP
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