Depois que conseguiu ficar bilionário investindo seu dinheiro em ações e se associando com grandes empresas, Samuel S. da Silva chegou a um patamar onde poderia ter de tudo, a hora que quisesse e da forma que quisesse.
Participava de festas privadas com outros bilionários e milionários (um pouco mais pobres que ele), viajava o mundo inteiro e podia experimentar as comidas mais exóticas e caras do planeta.
Entretanto, um dia, através do vidro blindado de seu carrão luxuoso, enquanto passava por uma rua no centro da cidade, a caminho de uma de suas empresas, observou um homem sentado ao balcão de uma padaria comendo uma enorme coxinha e tomando guaraná.
Aquela cena fez com que Samuel juntasse água na boca. Ele pediu para o motorista parar o carro, afim de poder comer uma daquelas deliciosas coxinhas.
Foi só o motorista abrir a porta do carro, que juntou uma multidão em volta, admirados com a figura importante de Samuel S. da Silva, conhecidíssimo através das revistas, da televisão e redes sociais.
As pessoas agarravam seu braço, pediam para tirar selfies, outros pediam dinheiro descaradamente, o trânsito parou, buzinaço, confusão...
Imediatamente, Samuel voltou para o carro e com muitas dificuldades, ele e o motorista conseguiram deixar o local.
Nesse momento, Samuel compreendeu que sua vida não era mais como antigamente, antes de acumular toda sua fortuna e era um mero desconhecido apreciador de coxinhas e guaraná numa padaria qualquer.
Ficou triste. Pediu para um de seus funcionários comprar a coxinha e o guaraná na padaria em questão, mas quando foi comer, não era a mesma coisa. Precisava estar sentado ao balcão, precisava sentir o cheiro da padaria, usar o molho de pimenta de dias atrás...
Então, Samuel S. da Silva decidiu comprar a padaria para poder comer a coxinha.
Porém, mesmo assim, quando tentou ir a sua padaria, os vizinhos do local e curiosos se ajuntaram na porta do estabelecimento, causando outro tumulto.
Então, Samuel S. da Silva decidiu comprar todo o quarteirão para poder comer a coxinha.
Interditou todas as ruas de acesso e conseguiu chegar na padoca, mas, como não havia ninguém, se sentiu um pouco deslocado, era preciso o ambiente estar completo.
Então, Samuel S. da Silva contratou atores globais para interpretarem clientes da padaria.
Agora sim, estava sentado ao balcão, coxinha na mão, guaraná no copo e molho de pimenta à vontade.
Depois que comeu a coxinha e ficou satisfeito, nunca mais voltou à padaria, que acabou se transformando num shopping, juntamente com todo o quarteirão.
Agora, Samuel S. da Silva está negociando um quiosque numa famosa praia do Nordeste, e se for preciso, comprará até a praia, para poder degustar tranquilamente de um bobó de camarão que viu o pessoal comendo, ao passar pelo local.
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